Artigos – CWSP – Grupo de CW de São Paulo/São Paulo CW Group https://portal.cwsp.com.br Sat, 29 May 2021 05:45:49 +0000 pt-BR hourly 1 https://portal.cwsp.com.br/wp-content/uploads/2025/04/cropped-Logo-CWSP-ALPHA-32x32.png Artigos – CWSP – Grupo de CW de São Paulo/São Paulo CW Group https://portal.cwsp.com.br 32 32 O Telégrafo elétrico no Brasil https://portal.cwsp.com.br/2021/05/o-telegrafo-eletrico-no-brasil/ Sat, 29 May 2021 05:45:49 +0000 https://cwsp.com.br/Site/?p=1290 O Telégrafo elétrico no Brasil
Implantação e expansão

Por Maurílio BritoRevista Antenna-Eletrônica Popular, volume 102, número 1
Original por PS7AB em Arquivo Histórico do Radioamador Brasileiro

Eusébio de Queiroz

A idéia de implantar-se entre nós o telégrafo elétrico remonta ao ano de 1851, quando o Conselheiro Eusébio de Queiroz Matoso Câmara, Ministro da Justiça, recebeu correspondência do nosso representante diplomático em Washington, Sérgio Teixeira de Macedo, encaminhando proposta do empresário norte-americano J.L.Leonardt para construir linhas telegráficas no Império.

Estando o Governo sem recursos materiais (notadamente embarcações) para cumprir o tratado que assinara com a Inglaterra, pelo qual se comprometera a impedir o desembarque ao longo da costa de escravos (N.E: escravizados) procedentes da África, o telégrafo já empregado em larga escala na Europa, era, realmente, a solução para o problema. A Corte ficava dispondo de um eficiente meio de comunicação para transmitir às Províncias interessadas as instruções referentes aos serviços de fiscalização. O constante afretamento de navios estrangeiros para esses encargos acarretava despesa vultosa, via de regra sem compensações.

A Proposta de J.L.Leonardt não prosperou, apesar da boa acolhida que recebeu de alguns setores do Império. Entretanto; decorrido certo tempo, Eusébio de Queiroz resolveu considerar o assunto, tendo convidado o Professor Paula Cândido, lente de Física da Faculdade de Medicina, pra fazer os estudos que viabilizassem a construção de uma linha telegráfica, para as primeiras experiências, a qual deveria ligar o Quartel de Polícia, na Rua dos Barbonos (N.E: Rio de Janeiro), atual Evaristo da Veiga, à estação do telégrafo ótico (N.E: sistema de comunicação semafórico ou não, por bandeiras) localizada no Morro do Castelo.

Aparelho telegráfico “Breguet”, o primeiro utilizado no Brasil.

Aceitando a incumbência, o Professor Paula Cândido providenciou obter, por intermédio do Coronel Polidoro Quintanilha da Fonseca, Comandante da Polícia, do Engenheiro Guilherme Schuch de Capanema, jovem professor da Escola Central (depois Escola Politécnica), o material necessário para a improvisação de uma linha. E que material era esse? Alguns metros de fio de cobre, cobertos de seda, alguns isoladores feitos de fundos de garrafas e dois aparelhos marca “Breguet”: um transmissor e um receptor.

Improvisada a linha, Paula Cândido logo constatou que a experiência não alcançaria o êxito esperdo. Alguma coisa “não dava certo”, e recolheu a aparelhagem.

Está na história que, dias depois, o Coronel Polidoro, visivelmente aborrecido, procurou Capanema dizendo-lhe:
– “Tome lá as suas máquinas. Elas não prestam…”
O episódio parecia esquecido quando Capanema, que vinha realizando com os seus alunos estudos de Eletricidade aplicada, resolveu fazer, sob sua responsabilidade, uma experiência convidando Polidoro para auxiliá-lo, tendo como local dependências da Escola Central. Para ali o material foi transportado e logo examinado por Capanema, que constatou seu perfeito funcionamento. Os dois aparelhos foram colocados em salas distintas, mas vizinhas, ligados por um fio que corria através das janelas.

Depois de dar explicações sobre como tudo teria de fundionar, Capanema passou a transmitir sinais, que Polidoro, ao lado do receptor, ia recebendo e respondendo depois de traduzí-los. Trocava-se naquele exato instante, sob imensa expectativa dos presentes, a primeira mensagem do nosso Telégrafo Elétrico.

Ciente do êxito da experiência, Eusébio de Queiroz, recebendo instruções de Dom Pedro II, determinou a Capanema que providenciasse a aquisição, na Europa, do que fosse necessário para a imediata construção de uma linha que, partindo da Quinta da Boa Vista (N.E Palácio Imperial, atual Museu Nacional, que está em restauração depois de ser reduzido a cinzas), atravessando ruas de São Cristóvão, terminasse no Quartel General.

Recebido o material encomendado (cinco aparelhos receptores e transmissores marca “Breguet” e um de dupla corrente), adquirido na Casa Stohrer, de Leipzig, Alemanha, foi logo iniciada a construção subterrânea da linha pessoalmente dirigida por Capanema, auxiliado por um grupo de alunos da Escola Central e alguns presos da Casa de Correção. Estes, não raro, eram interpelados por transeuntes mais curiosos que indagavam do motivo da escavação ao longo das ruas. E o próprio Capanema muitas vezes tinha de deixar de lado os instrumentos que portava, destinados à locação dos dutos por onde deveriam passar os fios elétricos, para dizer o porquê do trabalho que estava dirigindo.
– “É o telégrafo elétrico que estamos implantando, respondia, dando explicações sobre o novo meio de comunicação.

Finalmente, a 11 de maio de 1852 a linha era inaugurada, medindo cerca de 4300 metros. Na oportunidade, foram trocadas mensagens entre Dom Pedro II, que estava no Paço Imperial (N.E na realidade, estava na Quinta da Boa Vista), e Eusébio de Queiroz e Capanema, estes no Quartel General.

Apesar da importância do acontecimento, o “Jornal do Commercio” edição do dia 15 seguinte, assim registrou:

Telégrafo elétrico – No dia 11 do corrente trabalhou pela primeira vez o telégrafo elétrico que põe o Quartel General em contacto com o Paço da Boa Vista. A obra ainda não está completa. Não se pode estabelecer conseguintemente uma conversa regular, mas já houve comunicação entre as pessoas colocadas nas duas extremidades dos fios. S.M. o Imperador assistiu no seu palácio a estas primeiras experiências.”

A expansão do telégrafo nos primeiros tempos limitou-se as repartições existentes na Corte e cidades mais próximas como Niterói, Cabo Frio e Petrópolis.

Em junho de 1866, a rede telegráfica chegava ao Rio Grande do Sul, possibilitando comunicações mais rápidas entre a Corte e as nossas tropas, que, nas fronteiras do Sul, estavam em luta contra Solano López, Presidente do Paraguai. Sete anos depois, era inaugurada a estação telegráfica de Maceió, seguindo-se a de Recife, Paraíba (João Pessoa), Natal, Fortaleza, Teresina e São Luiz, onde chegou em 1881.

O Telégrafo “entra” na Amazônia
Guilherme Schuch de CAPANEMA

Ao terminar os trabalhos em São Luiz, Capanema recebeu instruções do Imperador para estender a rede telegráfica até a capital da província do Pará, possibilitando uma conexão com o cabo submarino que fazia a ligação Belém – São Luiz – Recife – Salvador – Rio de Janeiro.

Refeitas as tropas, adquiridas as provisões de maior necessidade, a Comissão construtora deixou a capital maranhense. Atravessadas as florestas existentes nos limites das duas províncias, não raro sob ataques de indígenas e constantes temporais, que obrigavam a seguidas interrupções das caminhadas, Capanema penetra no território paraense e, no dia 13 de outubro de 1886, inaugura a estação telegráfica de Belém, sem a presença de mutos dos seus acompanhantes, que haviam regressado as suas terras, uns por motivo de saúde, outros por não acreditarem no bom êxito da Comissão. Dias depois, regressou ao Rio de Janeiro.

Foi assim, Capanema, a primeira pessoa a levar o Telégrafo Nacional à Região Amazônica.

Deve-se a Ernesto Gomes Carneiro e ao célebre Rondon a introdução do telégrafo na região Sul do País, chefiando a Comissão de Linhas Telegráficas, atuando no interior de Mato Grosso, indo até os limites com o Araguaia. Herói da Guerra do Paraguai, integrou o I Corpo de Voluntários da Pátria. Diz-se que o número de suas condecorações correspondia aos ferimentos resultantes dos diversos combates em que tomou parte. Como militar, chegou ao posto de General. Amigo pessoal de Dom Pedro II, manteve-se afastado dos movimentos que culminaram com a Proclamação da República. Mas, a consolidação da obra de Capanema, seguida por Gomes Carneiro somente em 1906 começaria a se manifestar, quando o Capitão de Engenharia do Exército, Cândido Mariano da Silva Rondon, deixou a Escola Militar, onde lecionava Matemática, para, convidado pelo Presidente da República, Affonso Penna, implantar uma rede telegráfica seguindo as nossas regiões fronteiriças com o Paraguai e a Bolívia, o que se concretizou com a construção da linha Cuiabá – São Luís de Cáceres – Coimbra – Miranda – Porto Murtinho – Bela Vista, incluindo os prédios das futuras estações.

Rondon

Em princípios de 1907, já promovido a Major, regressou ao Rio de Janeiro: Ainda não bem refeito dos desgastes sofridos em sua saúde, resultantes da permanência durante muitos dias em regiões pantanosas, logo recebeu do Presidente Affonso Penna a incumbência de fazer a ligação telegráfica Acre – Purus, até o Amazonas, via Cuiabá, cidade que já estava se comunicando com a Capital Federal. Tendo organizdo a “COMISSÃO DE LINHAS TELEGRÁFICAS E ESTRATÉGICAS DE MATO GROSSO AO AMAZONAS”, Rondon deixou o Rio de Janeiro a 26 de maio de 1907, viajando para o interior de Mato Grosso.

Em fins de 1909, depois de percorrer cerca de 1500 quilômetros em Mato Grosso e 1800 no Amazonas, a Comissão chega a Manaus, sendo logo escolhido um prédio para funcionamento da estação telegráfica. Foram inúmeras as dificuldades que Rondon teve de enfrentar, tais como alimentação deficiente, investidas de animais selvagens e seguidos ataques dos índios, que mantinham uma “verdadeira guerra surda” com os componentes da Comissão. Explica-se: Os índios, encostando o ouvido na parte inferior, percebiam o zumbido ocasionado pela passagem do vento, semelhante ao das abelhas. E a derrubada dos postes era inevitável. Eles procuravam mel!

No dia 9 de fevereiro de 1910, Rondon regressa ao Rio de Janeiro, promovido a Tenente Coronel, coincidindo sua chegada com o último dia de Carnaval. Isso não impediu que fosse recebido como um herói por grande multidão, que compareceu ao antigo Cais Pharoux (Pça 15 de Novembro), onde desembarcou.

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Comunicação em CW https://portal.cwsp.com.br/2021/03/comunicacao-em-cw/ Tue, 30 Mar 2021 01:26:36 +0000 https://cwsp.com.br/Site/?p=1302

Por Fernando de Cunha Lima, PY2ENK, Revista Antenna-Eletrônica Popular, volume 102, número 2, 1992.
Original por PS7AB em AHRB – Arquivo Histórico do Radioamador Brasileiro

Informes e preceitos de boa operação em telegrafia, de grande utilidade para os que se iniciam na modalidade, ou, para os que, já a praticando, desejam uma operação mais eficiente e agradável.

1 – Introdução
2 – Iniciação
3 – Velocidade
4 – QRL
5 – CQ
6 – BK
7 – KN
8 – Papo
9 – Concursos
10 – QSL
11 – Listagem dos QSO
12- QRS
13 – Acentos ou não acentos? E a pontuação?
14 – R
15 – QRA
16 – Código Q “Preferencial”
17 – Concluindo


Introdução

Como qualquer atividade, nosso hobby tem características prórias de expressão, ou seja, seu próprio jargão. Pouca coisa existe de “escrito” sobre o assunto; tal como ocorre com os dialetos, que não tem gramática escrita, a maioria das práticas utilizadas no radioamadorismo advém da própria operação com os colegas.

O próprio “código Q”, como consta de diversas publicações, é extenso e um tanto enfadonho. Talvez 10% dele sejam utilizados de fato no dia-a-dia e, estes sim, devem ser aprendidos.

No caso da telegrafia, todo empenho deve ser exercido no sentido de expeditar, agilizar a comunicação, ou seja, passar o máximo de informação ao colega num mínimo de tempo. A própria existência do código Q vem ao encontro deste objetivo.

Uma das metas deste artigo é alertar aos colegas, especilmente aos mais jovens no hobby (evitarei chamá-los de novatos), para alguns vícios que tenho notado em meus pouco mais de trinta nos de radioamadorismo, na prática de CW.

Num trabalho desta natureza é difícil evitar expor alguns juízos de valor, os quais, espero, serão poucos, e aí tudo depende da simpatia dos colegas em tal ou qual sugestão, se vão ou nao adotá-la.

Finalmente, não vamos nos estender sobre a aprendizagem de CW em si, mas sim sobre o modo de utilizá-lo.

Iniciação

O iniciante no CW deve ter, antes de tudo, paciência. É necessário um treinamento intensivo no oscilador dentro de quatro paredes antes de ligar o transmissor, de modo a dar ao punho uma prática mínim para uma comunicação aceitável.

Por outro lado, o ouvido também precisa de um minimo de habilidde para permitir um nível adequado de entendimento. Ou seja: corujar, corujar e corujar. Sempre haverá alguém na faixa transmitindo num ritmo compatível com o nosso limite.

Velocidade

Normalmente, no início, transmitimos mais depressa do que copiamos. Resista a tentação de transmitir numa velocidade superior a que você consegue, comodamente, copiar.

Nada mais chato do que você sentir que o colega não pegou patavina do seu câmbio, alegando – quando alega – forte QRM local.

Quando se está acostumado à “chapa de praxe” (nome, QTH, RST, 73 e TU), tudo bem; mas quando a conversa se estende, o papo vira um diálogo de surdos.

QRL

Dê sempre um par de “QRL?” (esta frequência está ocupada?) antes de entrar na QRG. Atualmente o número de estções QRP começa a ser expressivo e você pode sair “no cocoruto” de um colega que opera nessa modalidade.

Não se limite, porém, a emitir apenas o “QRL?”. Escute atentamente por alguns momentos para ouvir se alguém reclamou de sua interferência.

CQ

Antes de chamar geral, dê uma espiada na faixa. Afinal, 50 KHz não é muito e rapidamente você sberá se já há alguém chamando e numa velocidade compatível com a sua. Nada mais bisonho que dois colegas chamando geral a poucos KHz um do outro.
Ninguém chamando, chame você.
Um bom método é o 3×2, isto é, 3 CQ seguidos por dois indicativos: CQ CQ CQ DE PY2ENK PY2ENK AR K.

A cada chamada geral, escute. Dê um pouco de tempo, pois alguns colegas as vezes demoram um pouco pra responder.

Ouça as frequências adjacentes, pois o colega pode estr transmitindo um pouco abaixo ou um pouco acima e os receptores, especialmente os mis modernos, são altamente seletivos e simplesmente não recebem aqueles sinais.

Não dê longos CQ. Nada mais chato do que um CQ do tipo “espada”. É muito mais eficaz dar frequentes períodos de escuta, mesmo que você esteja operando em “break in” ou “semi-break in”, ou seja, escutando entre os caracteres ou entre as palavras. Ainda não é usual, no Brasil, a operação em “break in”, pois o número de equipamentos que permitem tal operação ainda não é expressivo (N.E em 1991). Normalmente os colegas só escutam quando “passam o câmbio”.

BK

Uma das melhores “invenções” da prática telegráfica é o uso do BK no fim de um câmbio curto, para uma resposta rápida do colega.

Ilustrando melhor: para agilizar um bom papo, passa-se o câmbio ao colega dando um BK e passando à escuta.

O outro dá BK e responde direto. Nada de “BK de PY2ENK”. E assim se estabelece um “ping-pong” que confere ao comunicado uma grande agilidade.

Claro, de vez em quando, a cada cinco ou dez minutos, passa-se o câmbio “de modo formal”: PY1EPM de PY2ENK KN.

KN

Bem, aí há controvérsia. KN significa “transmita somente você” enquanto que K quer dizer “transmita quem desejar”.

Está claro que se o intuiro é escutar apenas o colega com quem se está fazendo o QSO, KN é o indicado, deixando-se o K somente para um CQ ou um QRZ.

Para muitos colegas, contudo, o uso de KN é uma idelicadeza, pois “não convida” os demais a entrar no papo.

Papo

Não fique só na “chapa”, ou seja, dando RST, trocando nome e QTH e se despedindo. Tente um papo. Muitas amizades nascem de uma boa conversa ao manipulador, onde os colegas descobrem que, além do CW, tem muitas outras coisas em comum.

Informe sobre o tempo e a temperatura, por exemplo, e peça ao colega as condições meteorológicas do outro lado.

Peça informações sobre o equipamento dele, marca, modelo, potência, tipo de antena, etc. Anote tudo no seu registro, pois no próximo QSO você poderá fazer referência à “artilharia” dele, emprestando ao papo um tom mais quente e cordial.

Na verdade, embutido aqui está o seguinte: uma conversa enseja a troca de informações “não previsíveis”, e, portanto, acelera o treinamento do ouvido.

Explicando melhor: na “chapa”, você sempre espera números quando o colega começa um RST. no qual R é quase sempre o 5, o T, 9 e o S, também. Bem, isso não ajuda muito a adquirir prática. O próprio envio do nome e do QTH, é feito normalmente em ritmo lento e, em geral, repetido. E aí, novamente, isso pouco contribui para o aprimoramento da comunicação.

Conversas demoradas dão ao radioamador menos experiente uma excelente oportunidade de praticar o código.

Evite, contudo, repetir palavras do tipo “meu nome… nome… é… é…” Ou “seu RST… RST… é… é…”.

Outra coisa: seja menos efusivo, isto mesmo, pouco efusivo nos cumprimentos iniciais principalmente na despedida. Ninguém vai ficar chateado se você cumprimentou o colega apenas com um “BD 73” em lugar de “forte abraço ao colega extensivo aos dignos familiares”.

De igual maneira, dê “um fte 73 TU” no final, evitando “sinceras recomendações a todos os componentes da tripulação do seu estimado QTH familiar”.

Uma boa conversa é uma coisa; outra bem diferente é o uso de expressões monótonas e arcaicas e que, no duro, nada significam.

Concursos

Os concursos (ou contestes) oferecem um outro tipo de diversão: o desafio. Há os que gostam fortemente e os que fogem dele como o diabo da cruz.

Uma coisa é certa: é uma época em que a faixa fica ltamente ativa e consegue-se “faturar” um elevado número de colegas.

Só um lembrete: NÃO TENTE estabelecer um papo em dia de concurso.

Como reconhecer um dia de concurso? É fácil. Primeiro, a faixa fica super povoada. Segundo: nos CQ há a menção da palavra TEST.

E aí, se você quiser entrar, prepare-se para a “armadilha”, pois você se envolve até a alma, a ponto de o cristal fazer acionar o “rolo de pastel” para contar com a sua atenção nesses dias.

Se, por outro lado, você é do tipo conversador, desista: é melhor desenterrar o desprezado microfone. (N.E ou partir para as bandas WARC…)

QSL

Seja bom pagador de QSL. Seja organizado. De tempos em tempos (por exemplo, mensalmente) pegue o seu livro de registro de QSO e preencha os QSLs para envio, deixando indicado até onde você “pagou” o cartão.

Só uma coisa a mais: mande QSL para os PRIMEIROS comunicados; senão a coisa vai sair cara, HI HI.

(N.E embora em tempos modernos estejamos na fase dos logs e confirmações eletrônicas, a regra da organização, de manter o log organizado, de possibilitar a confirmação do QSO, por meio físico ou eletrônico, segue valendo.)

Listagem dos QSO

Independentemente do livro de registro, que é ordenado por datas, é interessante ter um outro tipo de listagem por indicativos, para saber rapidamente o nome e QTH do colega, caso não se trate de um “primeiríssimo”.

Há, basicamente, dois tipos: por fichas e por computador. Nada mais fácil que organizar um fichário onde os cartões são ordenados comodamente por ordem alfbética de indicativo, onde contem o nome, QTH, data e hora do QSO e, se possível, alguns detalhes sobre o colega, tais como o equipamento, gostos especiais, etc. (N.E mantivemos a recomendação por curiosidade, já que, em tempos modernos, QRZ.com e os softwares de log eletrônico já fazem tudo isso com poucos toques no mouse – mas vale para o colega saber como era feito ANTES das ferramentas eletrônicas)

O “fichário informatizado” é prático e relativamente fácil de ser organiazado através de um programa simples do tipo “banco de dados”. Para facilitar o seu manuseio, é conveniente fazer três listagens: a sua própria região, as demais regiões do Brasil, e o “resto do mundo”. (N.E em 1991 a informática a serviço do radioamadorismo ainda estava em seus primórdios)

QRS

Não hesite em pedir um QRS caso o colega esteja transmitindo numa velocidade superior à que você copia. Um pouco de velocidade a mais não é ruim, pois a gente sempre treina um pouco. Mas além de um certo ponto, entra-se em pânico e pára-se de copiar todo o QSO. Aí, um pouco de humildade não faz mal: peça QRS. Nada pior para um QSO do que a gente perguntar como está o tempo e o colega responder “tudo certo, forte 73”.

Acentos ou não acentos? E a pontuação?

Definitivamente, não use pontos, vírgulas, dois pontos, etc., numa conversação telegráfica. As pausas por si já dão uma “idéia” de vírgulas; os “hífens” ou “traços” (da dididi da) separam as frases e portanto tem a conotação de pontos. Por que, então, existem tais caracteres no código? Para mensagens formais, onde se transmitem textos.

De igual maneira, evite usar “é”, “em”, “também”, “férias”, etc. O outro colega não vai pensar que você é um iletrado. Palavras como “não” e “são” podem perfeitamente ser transmitidas como “nao” e “sao”, sem problemas e mal entendidos.

R

O sinal R dado logo no começo do câmbio ou após os indicativos significa “tudo copiado”. Se você NÃO copiou todo o câmbio, não transmita R, pois você confundirá o outro colega.

Separe letras e palavras

Nada mais chato do que copiar colegas que juntam as letras. É cansativo. Pior ainda quando as palavras ficam unidas umas as outras, mais parecendo um texto em… alemão.

Quando você ficar meio nervoso porque a velocidade do outro colega é um pouco baixa em relação a sua “de cruzeiro”, não recorra ao expediente de juntar palavras. Faça o seguinte: aumente a cadência das letras, mas mantenha, ou até aumente um pouco – a distância entre palavras. O outro colega vai ficar muito grato, pois aquele intervalo vai propiciar que ele coloque as coisas em ordem e… respire um pouco.

QRA

QRA significa “nome da minha estação” e não “meu nome”. Evite pois dizer “meu QRA é Fernando e QTH Sõ Paulo”. Use mesmo “meu nome” ou simplesmente “nome” ou ainda o universal “OP”, de operador.

Código Q “preferencial”

O código Q, como se sabe, foi criado para facilitar a vida dos telegrafistas nos velhos tempos em que o código Morse era usado para mensagens telegráficas oficiais e profissionais. Não só o “Departamento de Correios e Telégrafos” usava o CW, mas também navios, aviões e empresas no geral.

Convenhamos: é um pouco longa a listagem e quando um colega calouro se depara com toda aquela “ladainha”, ou desiste de vez ou começa a aprender códigos que nunca serão usados.

Aí vai uma lista “selecionada” de sinais em código “Q” mais usuais. Trata-se de uma “versão livre”, adaptada a nossa prática.

QRA Indicativo, nome DA ESTAÇÃO (não use para designar seu nome)
QRG Frequência
QRL Esta frequência está ocupada?
QRM Interferência
QRN Interferência atmosférica
QRO Alta potência
QRP Baixa potência
QRQ Transmita mais depressa
QRS Transmita mais devagas
QRT Vou desligar
QRU Nada tenho para você
QRV Estou a disposição
QRX Espere um pouco, pausa.
QRZ Quem me chama?
QSA Reportagem de intensidade de sinais
QSB Desvainecimento de sinais, fading.
QSJ Dinheiro ou valor monetário.
QSK Estou operando em BK-IN
QSL De acordo, OK.
QSO Comunicado
QSP “Ponte”, retransmissão de QSO entre operadores.
QSY Mudança de frequência
QTC Mensagem, notícia.
QTH Localização
QTR Hora certa
Concluindo

De tempos em tempos aparece alguém escrevendo artigos sobre as práticas do radioamadorismo. Também entrei nessa, queiram perdoar. O caso é que muita coisa em nosso hobby é requerida por lei, mas a maioria é determinada pelos costumes. Estes costumes não podem estar sujeitos a modismos, quer no tempo, quer no espaço.

No tempo, para que todos, independentemente de idade ou de “veteranidade” se entendam sem esforço.

No espaço, para que todos os radioamadores, de qualquer canto do mundo – e isto é uma das belezas do radioamadorismo em geral e do CW, em particular – falem a mesma língua, dando a humanidade um quê de união e fraternidade de que o mundo atualmente muito carece,

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O Código Morse https://portal.cwsp.com.br/2020/03/o-codigo-morse/ Sat, 21 Mar 2020 05:46:32 +0000 https://cwsp.com.br/Site/?p=912 Antecedentes:
Samuel F.B.Morse

Pingala, um estudante, músico e matemático que viveu na antiga Índia entre 400 e 200 a.C., foi o primeiro a usar um código binário de sílabas curtas e longas (traços curtos e longos), muito similar ao código Morse. Uma sílaba longa é igual ao a controlar um eletroímã localizado no fim da recepção da linha transmissora. Os limites tecnológicos da época tornaram impossível marcar caracteres individuais de uma forma compreensível. Então os inventores tiveram que criar um método alternativo de comunicação. No início de 1837, William Cooke e Charles Wheatstone operaram telégrafos elétricos na Inglaterra que também controlaram os eletroímãs nos receptores. Porém, os seus ponteiros de agulha dos sistemas giravam no sentido de indicar os caracteres sendo enviados.

Desenvolvimento

Em contraste, o sistema de telégrafo inicial de Morse e Vail, criado em 1844, marcava uma fita magnética de papel — quando a corrente elétrica era transmitida, o eletroímã do receptor girava a armação, de modo que começava a arranhar uma fita magnética móvel, e quando a corrente era desligada, o receptor retraía a armação, de forma que uma porção da fita permanecia limpa.

Segundo aparelho telegráfico desenvolvido por Morse e Vail

O código Morse foi desenvolvido de modo que os operadores pudessem traduzir as identificações marcadas na fita de papel em mensagens de texto. Inicialmente, Morse planejou transmitir somente números, e usar um dicionário para procurar cada palavra de acordo com o número que foi enviado. Porém, o código foi expandido para incluir letras e caracteres especiais, podendo assim ser usado para mensagens mais completas. As marcas curtas foram chamadas de “pontos”, e as longas de “traços”, e as letras mais comuns usadas na língua inglesa foram nomeadas nas menores sequências.

No telégrafo original de Morse, as armações dos receptores faziam um barulho de “clique”, como se se movessem para dentro e para fora da posição da marcação da fita. Operadores logo identificaram estes sons e movimentos mecânicos como o início e fim da transmissão da mensagem.

Alfred Vail

Quando o código Morse foi adotado no rádio, os pontos e os traçosm até então transmitidos por sinais elétricos, passaram a ser transmitidos como tons curtos e longos, em audio. Posteriormente foi provado que as pessoas se tornariam mais hábeis na recepção do código Morse, são as que o aprenderam como uma linguagem ouvida, ao invés de lida. Para refletir o som do código Morse, profissionais vocalizaram os pontos como “dit” e os traços como “dah”. Quando um “dit” não é o elemento final do caractere, seu som é encurtado para “di” para manter um melhor ritmo vocal.

Mensagens Morse são geralmente transmitidas por uma ferramenta de transmissão manual, como o telégrafo, mas há variações introduzidas pela prática de enviar e receber — operadores mais experientes conseguem enviar e receber em altas velocidades. Em geral, qualquer código representando símbolo escrito como sinais de durações variadas pode ser transmitido por código Morse.

Companhias de telégrafo cobravam seus clientes pelas mensagens, baseadas em sua duração e extensão. lgumas palavras foram desenvolvidos para codificar frases comuns em grupos de cinco letras, que eram enviadas como palavras simples. Exemplos: BYOXO (Você está tentando sair fora disso?), LIOUY (Por que você não responde minhas perguntas?), e AYYLU (Código não claro, repita mais claramente).

Quando considerado como um padrão para codificação da informação, o código Morse teve uma vida próspera e ainda não foi ultrapassado por nenhum outro esquema de codificação eletrônica. O código Morse foi usado como um padrão internacional para comunicações marítimas até 1999, quando foi substituído pelo Sistema de Segurança de Perigo Marítimo global. Quando a marinha francesa cessou o uso do código Morse em 1997, a mensagem final transmitida foi “Chamando todos. Este é o nosso último grito antes do nosso silêncio eterno.”

O Código Morse Internacional

Friedrich Clemens Gerke

O código Morse internacional moderno foi criado por Friedrich Clemens Gerke em 1838 e usado por telegrafistas entre Hamburgo e Cuxhaven na Alemanha. Depois de algumas modificações secundárias em 1865 foi padronizado pelo Congresso Internacional Telegráfico em Paris em 1865, e posteriormente regulamentado pela ITU como Código Morse internacional.

O código Morse internacional continua em uso atualmente, porém se tornou quase exclusividade dos radioamadores. Até 2003, a UIT (ITU, em inglês), designou proficiência em código Morse como parte do exame para licença de radioamadores pelo mundo, ainda requerida em muitos países, como no caso do Brasil.

A Operação em código morse necessita equipamentos menos complexos que outras modalidades de radiocomunicação. O Morse pode ser usado em condições precárias de ruído e recepção. Requer também menos largura de banda que comunicações com voz, normalmente 100-150 Hz, comparado aos 4 000 Hz de largura de banda para voz. O uso extensivo de pro-sinais, Código Q, e formatos restritos de mensagens codificadas (típicas de comunicação entre operadores) facilita a comunicação entre radioamadores que não dividem o mesmo idioma e têm grande dificuldade em comunicação de voz.

Código Morse também é popular entre operadores QRP por possibilitar comunicações a distâncias muito longas, com baixa potência. A habilidade de recepção pode ser sustentada por operadores treinados até mesmo quando o sinal é dificilmente ouvido, pelo fato de que a energia transmitida é concentrada dentro de uma pequena largura de banda, tornado possível por usar filtros receptores estreitos, que suprimem ou eliminam interferência em frequências próximas. A largura de onda estreita também tira vantagem da seletividade auricular natural do cérebro humano, futuramente aumentando a capacidade de receber sinais fracos.

Fonte: Wikipedia. Adaptado.
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